sexta-feira, 1 de dezembro de 2017

C I N C O

5. Cinco. C I N C O.
Parece um número tão pequeno, uma palavra curta, são cinco letras.
Mas quando cinco pessoas com os mesmos ideais se juntam, torna-se um número fortíssimo.
Acreditar que somos capazes, é o primeiro passo para a revolução. É preciso ter nas cores, e garra para enfrentar o que é cinza!
5. Cinco. C I N C O.
Juntos somos muitos. Um por todos, e todos por um!

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Por onde flor, floresça

  Eu sou Constance, meu amor pelas flores surgiu enquanto observava minha mãe cultivando seu pequeno jardim nos fundos de casa.
  Sempre achei difícil entender porque as flores tinham que ficar escondidas, mas aos poucos, de tanto conviver com o jardim, eu entendi porque elas, mesmo sendo pequenas, delicadas e talvez até frágeis, intimidavam tanto Richelieu. Essa era a força das flores! Não precisam de muito para melhorar o dia, o humor, e até a vida das pessoas. Bastam elas serem...
  Richelieu não é capaz de enxergar e sentir o que as flores transmitem para nós, sensação essa que nada explica, só se sente e confia. Eu confio nas minhas flores, e não me esqueço jamais do que minha mãe me dizia todos os dias antes que eu saísse de casa, quando era criança: Por onde flor, floresça, menina!
Florescer, ser, resistir. Resisto por elas, por uma cidade onde todos possam receber a energia que vem das pequenas flores e a paz que só elas podem transmitir.

domingo, 12 de fevereiro de 2017

Nós somos Alice

            Num mundo tão conturbado como o que a gente vive (e nós mesmos construímos) – onde um ser subjulga outro seres –, fugas da realidade se tornam ferramenta necessária para a sobrevivência. A questão é: aonde o “delírio” pode nos levar? Talvez, pelos caminhos mais autênticos da busca pela verdade interior e, como o interior faz e é feito pelo exterior, leva à uma compreensão à um nível mais profundo – sensível – das coisas como são e de quem somos.

            Se julgarem um delírio por seu conteúdo inreal, lhes revido: quanto do mundo é sustentado em cima de ideias abstratas? Que, sem qualquer substrato material, são aceitas, mantidas e reproduzidas. Moldamos nossas ações e manifestações apenas pela influência de uma ideia, compartilhada, que paira no ar. O absurdo do mundo é, às vezes, mais brutal do que o absurdo das fantasias.  

sábado, 26 de setembro de 2015

Quem canta, os males espanta.

Espantalho acorda de manhã bem cedinho,
se espanta,
Corvozes(*) espantam seu bom humor
e enchem sua cabeça de voz.

O Espantalho não espanta ninguém
o espantalho se espanta de si mesmo
sem voz ele canta em silêncio
pra desatar alguns nós.

Mas alguém espanta as vozes dos corvozes
e o que seria só fogo de palha,
passa a ser uma bela chama de esperança.
Ah espantalho, espanta sim, só precisa de uma ajuda.

É de se espantar que alguém se prenda
por medo,
"o medo as vezes nos impede de sonhar".
Então cantemos a canção de quem se espanta
e se encanta.





(*) Corvozes: plural de Corvoz, espécie de corvo, que enche a cabeça de voz.


domingo, 16 de agosto de 2015

A viagem.

Quem conhece a Cia. do Abração sabe que trabalhamos com espetáculos de repertório, ou seja, não abandonamos a obra de arte no final da temporada, ela continua viva e se alimentando durante a sua sustentabilidade, um exemplo claro disso é o espetáculo "Sonho de Uma Noite de Verão" que já tem 13 anos. Dessa forma, apresentamos muito em diversos lugares (não vou entrar exatamente na parte profunda que é para um ator jovem e inexperiente entrar num espetáculo que nasceu muito antes da sua vontade de ser artista profissional), viajamos para perto, para longe, conhecemos pessoas incríveis outras que precisam trabalhar sua habilidade em se relacionar com as outras e por aí vai... Nesse trem que vai e volta, dá voltas, volta pra si, volta pro outro, aprendemos muitas coisas, compartilhamos o amor, a renovação, o encontro, as almas, o grupo. A força que se constrói naquilo que nos prontificamos a doar nossas vidas -  a arte - quando viajamos, alimenta nossos espíritos e cria uma identidade em conjunto, observamos nossas qualidades e principalmente, as falhas.

Os erros são contundentes e irremediáveis, ainda mais no Teatro, a arte de encontro entre o homem e o homem. Nada foge da lente do espectador, desde aquele com o olhar mais frágil até aquele com uma relação mais profunda com essa arte, seja um erro provocado pelo ator, pela técnica, por forças maiores, eles são tão fortes naquele lapso de instante que provam a força maior do TEATRO, sua efemeridade fica evidente em cada segundo, as ações parecem retrógradas, como se fosse uma corrida pra alcançar o ponteiro dos segundo de um relógio. E é exatamente aí que as falhas são desfocadas, onde a única razão pelo teatro existir aparece, o trabalho do ATOR.
Quando esse indivíduo/corpo/substância/energia/alma está cheio de energia e concentração, sua técnica sobrepõe inconscientemente os erros, controla a situação e não se prova como isso acontece através de uma tese científica, pois a efemeridade vai além de uma reflexão, ela dialoga com um tempo que é ínfimo ao pensamento, é o instinto, a reação, o reflexo que se concretiza através do suor da maquiagem ardente nos olhos, da energia que flui por cada poro desse corpo.
Individualmente, sobrepujar uma falha é um processo muito particular e constitui-se em várias camadas que se relacionam com uma parte psicológica, emocional e outra parte física, material, sensível.
Mas, a maior energia que faz tudo isso se diluir e toda a beleza e essência do espetáculo aparecer, é o grupo. Os corações pulsam no mesmo instante, os medos, as inseguranças, os olhares se revelam juntos. Um grupo conectado dialoga com o espírito, uma relação que vai além do palco, é na vida que se fortalecem as relações, no espetáculo fica só o essencial, só o que o público merece ver, nossos segredos ficam entre nós, nossos mistérios e desejos ficam guardados pra gente como uma contra-força que alimenta o belo visível e sensível para a plateia.
É aí que o Teatro faz sentido, quando o homem se encontra com o homem não apenas para "Executar um projeto" (executar em vários sentidos aqui), mas para transcender juntos um mundo de nuvens negras individuais, chuvas ácidas corrosivas do espírito, voar com os sonhos, ir além dos hologramas (essa é uma referência de outra experiência que quero me deter a contar).


Ah a viagem... Nos trilhos de um trem que não tem fim, ainda temos muitas estações para estacionar, carregar nosso vagão de experiências e cuidar par que cada vagão não desengate.

sábado, 8 de novembro de 2014

Um pouco de Oss


No processo eu sabia que seria um leão e que representaria a história escrita por L. Frank Baum: O Mágico de Oz.

Um dia, Doroti, Espantalho e o Homem de Lata me chamaram para jogar amarelinha. Ops! Não tem como iniciar o jogo da amarelinha jogando a pedra em um número que não seja o “um”, o início, a escuridão (Ai, que medo!). Com a pedra na casa numero “um” o primeiro pulo foi conhecer a minha amarelinha, o meu caminho de quadrados amarelos. O Leão covarde apareceu (Miau!). Em meio a meditações e improvisações, a amarelinha foi se tornando NOSSA e, então, a casa número “dois” e número “três” foram alcançadas. Um início de luz surgiu em meio a quadrados, retângulos e triângulos. Nossa casa foi sendo construída, atingimos a casa número “quatro”, porém numa boa amarelinha não podemos esquecer das pedras do caminho. Tropeçamos numa pedra, que estivera sempre por lá (ou aqui?), foi no furacão da casa número “cinco”, no meio do caminho, que decidimos... Precisamos recomeçar! Durante esse recomeço o leão virou um tigre. Foi-se a casa número “seis”. O tigre e seus amigos foram percorrendo as casas número “sete” (inundada de desafios) e “oito” (cheia de descobertas). Durante o caminho de quadrados amarelos o tigre ficou confiante, deixou seu medo de lado, tudo isso por ser um tigre com amigos de verdade. Na casa “nove” diante do poderoso Mágico de Oss olhei para traz e puder perceber que não fui destinada a apenas representar o leão da história O Mágico de Oz, fui destinada a representar o tigre, o espantalho, o homem de lata, a Doroti, a Juliana em um mundo chamado NÓS. Na casa número “dez” vislumbrei o infinito, o processo que não se acaba, os quadrados que flutuam o caminho que está se construindo. Agradeço ao grande Mágico de Oss com um forte e sincero abraço. 

AMAR É LINHA

OSS!


quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Doroti ou Kamila?


A menina é avoada, sempre atrapalhada e desorganizada. Não consegue acordar, e mau para pra respirar. Corre pra lá e pra cá, mas nem sempre sabe onde está.     Acha que o mundo vai acabar só porque não aprendeu dançar.   Às vezes é cheia de insegurança, vamos menina, não perca a confiança! Tem medo de não ser... o que? Nem eu sei...   Vive em uma bolha gigante flutuando pelo mundo adiante. É desatenta e desconcentrada, acho que ela precisa de umas boas palmadas.  É tão esquecida que às vezes parece até  a bela adormecida.  Ai ai ai dona moça, se não acordar vai engolir uma mosca.  Ui nem pensar! Vou logo mudar! As vezes ela chama atenção pra esconder sua solidão. É também carente mas esta sempre contente.Ela está na idade do amor, mas ainda não desabrochou! Sim, já sabe de todos os seus defeitos!.Agora vamos dar um jeito. Primeiro passo silenciar!  Passo a passo vamos chegar lá!

Construção de um personagem... Como ir além da Kamila? Quanto nervoso, quanta impaciência, uma tensão desnecessária.

Ansiedade, esquecimento, medos. Tantas coisas que passam aqui dentro   e que tentamos esconder...  é claro que tentamos.

Calma, essa é a kamila, pelo menos uma parte dela, a parte que temos que superar e melhorar.  Agora vamos deixar essa kamila de lado e pensar na personagem.

No seu oficio e na construção.

Quem é Doroti?

Doroti é uma menina órfã, criada pelos  seus avós, que trabalham muito para manter as contas da fazenda em dia.   E sem perceber acabam deixando Doroti de lado.  Doroti é uma menina maravilhosa, mas como todas as meninas pequeninas e sem proteção, se perde em seu caminho,  deixa  aquela pequena solidão dominar o seu  coração, ainda não sabe lidar com seus sentimentos. 

De tanta solidão, não para de chamar atenção.  Acha que é a dona do mundo, quer mandar em todo mundo, domina as brincadeiras e é cruel com seus amigos. 

As fragilidades que encontra neles, são suas também, tenta esconde-las de tudo e de todos. Então ataca os pobres amigos que não tem nada haver com isso. Não deixa escorrer uma lagrima sequer, acha que sabe de tudo e sempre se mostra forte e durona, mas é só uma menina que precisa de afeto. 

Ela só quer alguém que a proteja, que a ame e que a ajude a encontrar as respostas de tantas duvidas, é uma menina perguntadeira, que vai descobrir que está tudo dentro dela, em um  cantinho cheinho de amor que vai colorir a sua vida. 

Mas para isso terá que iniciar uma jornada, um caminho espiritual, um caminho de aprendizado, um caminho de lapidação ou um caminho de auto-conhecimento.

Podemos chamar do que quisermos, ou apenas o caminho da vida...  Que Doroti aceitou consciente ou inconscientemente seguir esse caminho, enxergar suas fragilidades, aceita-las,  para  então poder mudar. 

Nas pequenas brincadeiras com os amigos Doroti vai apresentando as suas fragilidades.

Doroti não gosta de brincar de amarelinha,  por que será?

Amarelinha é uma brincadeira de muitos amigos, mas quando entramos no jogo, entramos sós. O percurso para chegar até o céu é  individual, ninguém pode tirar as pedras do seu caminho, só você.

Deve enfrentar os obstáculos sozinho, para chegar ao fim, ao fim do caminho da amarelinha.

Ela gosta de brincar de pega-pega, mas não gosta de  pegar, sempre escolhe  fugir, fugir e fugir...

E quando brinca de esconde- esconde, acha que ela vai contar?  Nem pensar! Sempre escolhe se esconder.  Se esconde e se esconde....

No pega-pega, ri daquele que não consegue pegar, (é fácil sempre fugir), no esconde-esconde, briga com quem está com medo (é fácil apenas se esconder de tudo e não enfrentar ).   E se alguém ousar  contrariá-la, fica tão brava que é capaz de surtar. (ninguém pode descobrir suas fragilidades).

É claro que  Doriti, vai se cansar.  Ela tem construído suas relações a partir das suas  dores e fraquezas...  A vida de Doroti foi se tornando cinza e sem graça... O problema está sempre no outro e se tornou uma  vitima das suas próprias atitudes. 

Foi então que um tornado chegou,  e foi o despertar da pequena Doroti.

ShiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiUUUUU! Um tornado!  

Que vem pedindo silêncio!

Shiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii!

Um pedido de silêncio a Doroti! Tudo está ali, no centro do tornado, sua casa, sua família, seus amigos sua vida!

Casa?

Porque voltaria para casa? Não é lá que é tudo ruim.  Os amigos são chatos, lentos,burros e  as brincadeiras não tem graça não é? Os  avós nem se fala, só fazem contas, contas e mais contas.  Todos os dias parecem sem sol pra você.  Sua vida não tem sentido Doroti. Fique onde está. Não é bem melhor?  Aposto que sim... Viver só.  É o que quer não é?  Afinal você não precisa de afeto. Não precisa de amigos e não precisa de carinho.  Viverá melhor sozinha. Longe de quem te incomoda.

Doroti....

 Esse furacão deixou a minha vida de cabeça pra baixo, só assim pude perceber  tudo que estava tão perto de mim quando vivia na casa dos meus  avós e nunca enxerguei. Eu precisava mesmo de uma luz, eu via tudo cinza sem cor e sem graça.   E na verdade quem estava sem graça era eu.  Machuquei os meus amigos, me achei melhor que eles, só reclamava dos meus avós que sempre cuidaram de mim. Os dias eram sem sol porque eu os via assim.
Acho que esse furacão mudou a minha vida. Quero voltar pra casa e  fazer tudo melhor. Cuidar dos meus amigos, dar atenção para os meus  avós.  E brincar de amarelinha.
Nesse caminho que segui  descobri a amizade. Somos amigos, amigos indo pra oss. Amigos que se unem para ajudar um ao outro. Descobri em mim sentimentos que faltavam em meus amigos para continuarmos o caminho e assim chegamos até o fim... O fim do caminho da amarelinha.
E agora? 
Chegamos em Oss.  Encontrei o grande mágico de Oss.  Achei que ele me levaria para casa em um passe de mágica, mas ele me fez perceber que na verdade ele sou eu, meus amigos estão em mim. E que no caminho encontrei  as soluções que já estavam  aqui. Plin, plin,plin, as fichas caíram... era isso mesmo. Quero mais que tudo voltar para casa, agora tudo faz sentido.  Minha casa, minha vida, os meus amigos.
Coisas  em mim tive que reconhecer pra poder me resolver.

Obrigada  camiho da amerelinha.   AMAR É LINHA, a linha que estará sempre traçando o meu caminho.